domingo, 9 de janeiro de 2011

Florianópolis, Santa Catarina, Brasil Nov2010



Floripa
Pouco fiz de turismo, não vim para isso, embora tenham antecipado o meu voo (por causa da cimeira NATO), acabei por ter uns 3 dias para conhecer a ilha de Santa Catarina.
Todos quiseram ficar no hotel perto do congresso, mas eu preferi o centro da cidade, num hotel muito bem localizado, perto de tudo, o que permitiu ver Floripa mais a “fundo”. Gosto de me distanciar do público, para poder estar um pouco só, pois “sozinha observo melhor as cores” como canta a Zélia Duncan.
“Floripa” é como eles que dizem, eu sempre disse Florianópolis, até chegar aqui. Floripa é mais fácil de pronunciar e de escrever, talvez o povo daqui quis Floripa para a identificar com Flórida, será? Só sei dizer que não é a primeira vez que venho ao brasil e já conheci muitas cidades do país, mas floripa engana.
No último dia do Congresso, dia 24, um mês antes da véspera de natal, aqui o calor rebenta, enquanto o frio gela em Lisboa. Sinais de verão e sinais de inverno no mesmo mundo.
Saio do hotel, para uma última caminhada até à Universidade Federal de Santa Catarina. Percorro as mesmas ruas, como todas as manhãs, até ao terminal de autocarros.
As pessoas que olham para mim abrem um sorriso e outros dizem bons dias. Caminho pela rua estreita, sob os meus pés piso a calçada de Lisboa, observo pela última vez algumas casas que são a marca portuguesa que os açorianos cá deixaram. 
Já passam das 8 horas, nos quiosques vejo pessoas pedirem o café da manhã, pegando um salgado bem frito e um suco. As lojas a abrirem e outras ainda por abrir. Os cheiros que passam por mim são uma mistura de pão de queijo com fruta tropical e odores da noite anterior, copos de plástico, vinho e cachaça entornados no chão. 
Passo por um sem-abrigo acabado de acordar e a desejar bom dia às pessoas que ali passavam.
Vendedores na rua que montam tendas de artesenato, outros tiram as caixas cheias de fruta da carrinha, colocam-na na sua banca, fruta que cheira a goiaba, a maracujá, a banana. Há quiosques só com morangos, está na época, pois novembro é primavera.
Mesmo antes de atravessar a estrada para o terminal, passo por vendedores de milho, de água de coco, de cana de açúcar... isto é mesmo brasil.
O terminal enche-se de muitas pessoas, de mulheres com longos cabelos e de saltos bem altos que são a marca da mulher brasileira. Muitas com uniforme de trabalho, bem arranjadas e pintadas, mas consigo observar o fundo das suas expressões, estão cansadas, trabalham muito e recebem pouco.
No regresso, o mesmo ônibus leva-me de novo ao centro da cidade, não percorro as mesmas ruas da manhã, dou uma volta maior, tenho mais tempo, ainda vou a tempo de espreitar mais uma livraria, mas logo a seguir, na hora certa, todos têm pressa de ir para casa, fecham as lojas rapidamente, num abrir e fechar de olhos, as montras desaparecem, são apenas portões de ferro colorido. Floripa fechada mais vale regressar ao hotel. Mas até lá observo a pressa das pessoas em arrumar os seus produtos, desmontam as tendas.  Ainda vou a tempo de comprar duas goiabas, uma pinha e uma manga para o meu jantar. As pessoas despejam restos de comida pela rua onde passamos, esgotos entupidos cheia de comida podre e de plásticos. Uma senhora que arruma a máquina de fazer pipocas, despeja as últimas pipocas no saco e oferece à primeira criança que ali passa.
Hoje é dia 24, em Portugal todos fazem greve, aqui, aqui não vejo a crise, muitas ofertas de trabalho coladas nas montras de lojas. 
Em todas as livrarias que eu percorri, tenho esse vício, havia sempre um livro muito visível, um livro chamado “a 10ª ilha dos Açores”. Talvez seja o orgulho deles, sim, aqui posso dizer que parece portugal tropical.
Falando de orgulho, embora tenha feito amigos aqui mesmo que olham para mim e dizem que portugal “roubou” o brasil. enfim...
floripa valeu, fiz novos amigos, reconheci velhos amigos e recebi propostas para voltar e ir ao chile, sim, floripa valeu. 

































1 comentário:

  1. Lindo texto! Belas impressões! Ótimo ver o Brasil, do jeito que é, com nossas qualidades e tantos defeitos, pelos seus olhos.
    Só uma coisa para sanar de vez a dúvida: Floripa não é nem um pouco para parecer com Flórida! Floripa é como Sampa (São Paulo), Sanca (São Carlos), Pira (Piracicaba ou Pirassununga, tanto faz!).
    Um grande beijo com saudades!
    Guto

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